UM PEIXE CHAMADO
WANDA (1988)
Interpretado,
escrito e realizado por John Cleese, um dos principais membros do inspirado e
irreverente grupo “Monty Python”, “Um Peixe Chamado Wanda” conta ainda no argumento
e na realização com a colaboração de um veterano do cinema inglês, Charles
Crichton, autor, entre outros, de “Roubei Um Milhão” (The Lavender Hill Mob,
1951), um dos grandes clássicos da comédia da época dos Ealing Studios.
Com
estes pergaminhos atrás “Um Peixe Chamado Wanda” afirma-se como uma das mais
bem conseguidas comédias de finais do século XX saídas dos estúdios do Reino
Unido. Em termos económicos conseguiu um feito memorável, recolhendo de
receitas mais de 200 milhões de dólares na sua viagem pelos écrans mundiais. Para
um filme que custou 7,5 milhões não se pode dizer que tenha sido um mau
negócio. Mas, para lá destes resultados, a verdade é que o filme não só foi de
inteiro agrado das grandes plateias como ainda por cima justificou os maiores encómios
da parte da crítica especializada. Esta paródia ao filme de acção de mistura
com a comédia de bulevard com um toque sentimental e uns pozinhos de erotismo qb
acaba por satisfez ao mais exigentes em matéria de comédia, numa altura em que,
infelizmente, eram mais os exemplos de perfeitas nulidades repletas de
ordinarices primárias do que obras com apelos directos à inteligência, à
sensibilidade, ao sentido crítico e à criatividade do próprio espectador.
George
Thomason (Tom Georgeson), juntamente com três cúmplices, ensaia um grande roubo
de joias. Os acólitos são o seu braço direito, também inglês, Ken Pile (Michael
Palin), um grande amigo dos animais e possuidor de um aquário que é a menina
dos seus olhos, onde nada um peixe chamado wanda, e dois americanos, a sensual
e traiçoeira Wanda Gershwitz (Jamie Lee Curtis) e um antigo agente da CIA, Otto
West (Kevin Kline), um idiota convencido que é intelectual porque leu
Nietzsche, mas que detesta que lhe chamem estupido. O que acontece com
frequência. Até lhe dizerem que é tão estúpido que julga que “The London
Underground é um movimento político”.
Todos
idealizam um roubo perfeito, não fora uma velhinha que passava ter identificado
George, e os companheiros de assalto o terem denunciado à policia que o prende.
Depois é cada um por si, a queres ficar com o produto do roubo sem que os
outros o percebam. Pelo meio a chave que abre o cofre onde se encontram as
joias vai para ao aquário e Otto num momento de tortura psicológica único, vai
comento os peixes de Ken Pile até este lhe indicar o local onde se esconde a
chave. Até aqui não apareceu John Cleese, mas não nos esquecemos do
protagonista. Ele é o emproado e convencido advogado Archibald Leach, que Wanda
Gershwitz seduz para conseguir alguns segredos. Posto isto tudo continuaria a
rolar desde que Otto, que não é estupido, e também não é irmão de Wanda como
faz supor, mas sim seu amante, se deixasse de ciumeiras estupidas quando
descobre a sua escaldante amada nos braços do advogado procurando extrair
informações de uma forma muito ousada.
A
ganância é desde sempre um dos temas mais constantes da comédia. Em todas as
formas de narrativa. No romance e no teatro (não esquecer Molière!). Aqui volta
a funcionar em pleno. É a cobiça e a total falta de cumplicidade ou
solidariedade que tramam este grupo de assaltantes. O filme consegue um
excelente ritmo de situações divertidas que se sucedem (de tal forma que,
durante uma projecção na Dinamarca, um espectador sucumbiu de tanto rir) sendo
de sublinhar o trabalho dos actores, todos eles magníficos, com especial
incidência no caso de Kevin Kline que ganhou o Oscar de Melhor Ator Secundário
(O filme conquistou ainda mais duas nomeações, para a realização e o
argumento). Para lá de John Cleese, também Michael Palin faz parte do grupo
Monty Python. Como curiosidades fiansi, diga-se que a personagem interpretada
por John Cleese se chama Archie Leach para homenagear o actor americano Cary
Grant, cujo nome de baptismo era esse, e que a filha de Archie Leach, Portia, é
interpretada pela verdadeira filha de John Cleese, Cynthia Cleese, que aparece
creditada como Cynthia Caylor.
UM
PEIXE CHAMADO WANDA
Título
original: A Fish Called Wanda
Realização: Charles Crichton, John Cleese (este não creditado) (Inglaterra,
EUA,1988); Argumento: John Cleese, Charles Crichton; Produção: Steve Abbott,
John Cleese, John Comfort, Michael Shamberg; Música: John Du Prez; Fotografia
(cor): Alan Hume; Montagem: John Jympson; Casting: Priscilla John; Design de
produção: Roger Murray-Leach; Direcção artística: John Wood; Decoração:
Stephenie McMillan; Guarda-roupa: Hazel Pethig; Maquilhagem: Lynda Armstrong,
Paul Engelen, Barry Richardson; Assistentes de realização: Jonathan Benson,
Melvin Lind, David Skynner; Departamento de arte: Leon Apsey, Bruce Bigg, Roy
Evans, Brian Read, Alfie Smith; Som: Jonathan Bates, Gerry Humphreys, Chris
Munro, Andrew Sissons, Colin Wood; Efeitos especiais: George Gibbs; Efeitos
visuais: Alan Church, Simon Margetts; Companhias de produção:
Metro-Goldwyn-Mayer, Prominent Features, Star Partners Limited; Intérpretes:
John Cleese (Archie Leach), Jamie Lee Curtis (Wanda Gershwitz), Kevin Kline
(Otto), Michael Palin (Ken Pile), Maria Aitken (Wendy), Tom Georgeson (Georges
Thomason), Patricia (Mrs. Coady),
Geoffrey Palmer (Juiz), Cynthia Cleese (Portia), Mark Elwes, Neville Phillips,
Peter Jonfield, Ken Campbell, Al Ashton, Roger Hume, Roger Brierley, Llewellyn
Rees, Michael Percival, Kate Lansbury, Robert Ian Mackenzie, Andrew MacLachlan,
Roland MacLeod, Jeremy Child, Pamela Miles, Tom Pigott Smith, Katherine John,
Sophie Johnstone, Kim Barclay, Sharon Twomey, Patrick Newman, David Simeon,
Imogen Bickford-Smith, Tia Lee, Stephen Fry, etc. Duração: 108 minutos;
Distribuição em Portugal: MGM; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de
estreia em Portugal: 3 de Fevereiro de 1989.
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