OS
GRANDES ALDRABÕES (1933)
É
muito possível que esta seja a mais importante comédia de toda a filmografia
dos Marx Brothers. Vários factores se conjugam para que assim seja, ainda que
tenha sido na época um relativo fracasso de público e de crítica (sobretudo se
comparada com os êxitos anteriores e posteriores do grupo).
“Duck Soup”, que se estreou em
1933, é o último filme rodado para a Paramount, contou com realização de Leo McCarey, seguramente o mais criativo e talentoso realizador
com quem os Marx filmaram (esteve previsto Ernest Lubitsch, o que seria
igualmente uma boa escolha), e teve o guião escrito por um bom grupo de
argumentistas, Bert Kalmar e Harry Ruby no desenvolvimento da história, com
diálogos adicionais de Arthur Sheekman e Nat Perrin. O produtor voltou a ser o
credenciado Herman
Mankiewicz. Foi a última colaboração no grupo de Zeppo Marx, após o que se
retirou e se estabeleceu como bem sucedido agente artístico. No écran nunca foi
muito divertido, nem especialmente talentoso, mas diz quem o conhecia bem que,
fora do palco, era tão divertido quanto o próprio Groucho (que chegou a
substituir em teatro, quando este adoeceu, sem que ninguém tivesse dado pelo
facto).
Os
EUA atravessavam por esta altura uma das suas maiores crises, precisamente a
crise económica que adveio do “Crash” de 1929, enquanto na Europa outras
crises, políticas, sociais e, igualmente, económicas, davam guarida a ditaduras
que haveriam de projectar o mundo na II Guerra Mundial.
Foi neste contexto que apareceu na América a mais louca e
selvagem comédia, que teve nos Irmãos Marx (mas também em Chaplin, Fields, Buster
Keaton, Bucha e Estica…) o seu expoente mais
visível. Andrew
Bergman refere-se a este contexto em “We're in the Money”: "Os anos mais
desesperados na nossa experiência nacional produziram a nossa comédia mais
desesperada, que provocou hilariantes e selvagens transformações nas nossas
convenções. A permissividade e o niilismo dos filmes de início de carreira dos
Marx e de Fields nunca tinham sido possíveis até aí; a "screwball comedy”
de meados dos anos 30 evidenciava os bons sentimentos e a unidade social. O
entretenimento anarquista, de uma civilização depressiva e doente, fazia
esperar o pior de cada um. O que foi chamado "zaniness" (loucura ou
palhaçada) resultava do lado mais negro da irreverência americana, uma
selvática resposta sem precedentes à falta de confiança."
Produzido no período da Grande Depressão, contém muitos “gags” retirados
de um programa radiofónico que os Marx tinham nessa altura, “Flywheel,
Shyster & Flywheel” e esteve inicialmente para se chamar “Oo La La,
Firecrackers, Grasshoppers, and Cracked Ice”. Quando se estreou com o título
“Duck Soup” e a referência à Freedonia, a cidade Fredonia, no Estado de Nova
Iorque, apresentou queixa pela semelhança dos nomes. Os Marx Brothers
responderam à letra: “Se se sentem incomodados, mudem o nome à cidade.”
O
antimilitarismo da obra e as violentas criticas a militares, políticos
corruptos e ditadores valeu-lhe várias contrariedades. Mussolini proibiu-o em
Itália, e mesmo os americanos não gostaram muito da posição assumida pelo
filme, sobretudo por uma frase: "E lembrem-se que enquanto vocês
arriscam a vida e rastejam entre explosões e trincheiras, nós aqui vamos
pensando em como vocês são tansos”.
A
bandeira ondulante do Estado balcânico da Freedonia abre o filme, que corta para
uma reunião governamental, onde se discute a falta de recursos do reino e se
pede mais um empréstimo de 20 milhões à milionária viúva Mrs. Gloria Teasdale
(Margaret Dumont). Ela aceita suportar o encargo, desde que o actual presidente
resigne e em seu lugar seja empossado Rufus T. Firefly (Groucho Marx), "um
progressista e corajoso lutador." A montagem da sucessão de planos é
notável. Mrs. Teasdale afirma: “Dou o dinheiro, desde que Rufus T. Firefly seja
nomeado chefe de estado.” Plano seguinte, capa da “Freedonia Gazette”: “FIREFLY
NOMEADO NOVO CHEFE DE ESTADO DA FREEDONIA". Causa e efeito.
Segue-se a majestosa cerimónia da
investidura, com fanfarras e corneteiros anunciando os convidados, entre os
quais o embaixador da vizinha Sylvania (um estado que tem o nome da terra de
Jeanette MacDonald no filme de Ernst Lubitsch, “The Love Parade”, 1929),
Trentino (Louis Calhern), que idealiza um plano para casar com Mrs. Teasdale e
se “abotoar” com a sua fortuna. Caso isso não aconteça, promete anexar a
Freedonia. Mas o ultimato não resulta, como veremos mais à frente, e Rufus T.
Firefly antecipa-se, pedindo a mão da milionária e desafiando Trentino para a
guerra. O embaixador de Sylvania ocupa-se ainda de algumas estratégias de
espionagem, para o que conta com os serviços de Baravelli (Chico Marx) e Pinky
(Harpo Marx), além da bailarina latina Vera Marcal (Raquel Torres), que procura
seduzir Firefly (numa clara alusão aos filmes de espionagem, tipo “Mata Hari”).
O secretário de Rufus T. Firefly é o fiel Bob Roland (Zeppo Marx) que afirma
que Firefly é extremamente pontual: “Quando baterem as 10 horas no relógio da
sala, ele irá chegar!” Assim seria. Batem as 10 horas. Anuncia-se a chegada e
nada. Volta a repetir-se o anúncio oficial, "Hail, Hail Freedonia."
Zero. No andar de cima do salão de festas, Firefly dorme, é acordado por um
despertador, despe a camisa de dormir e desce por uma coluna de metal, tipo
bombeiros, para o meio do salão, onde todos continuam a esperar por Firelfy.
Este pergunta: “Esperam alguém?”
Esperavam-mo a
ele que é muito saudado, sobretudo por Mrs. Teasdale. O filme entra em
velocidade de cruzeiro, e é daqueles que dificilmente se poderá acompanhar aqui
ao nível das suas tiradas de um humor corrosivo, que são constantes e atingindo
tudo e todos, desde o ditatorial presidente aos seus incompetentes ministros,
sobretudo o de guerra, passando tudo o mais que justifique a ferroada de
Groucho e irmãos. Este é talvez o filme mais inventivo e mais desbragado os
Marx e seguramente aquele em que o cómico dos Marx Brothers encontra a completa
forma de expressa, ou melhor dizendo as formas de expressão, que vão desde o
diálogo virulento e ofensivo, a duplicidade de significado das palavras e os
subentendidos, até ao jogo mímico (um fabuloso jogo de espelho, sem espelho,
com Groucho desdobrando-se em dois papeis), aos números de puro “vaudeville” ou
“revista” (há duas fabulosas sequência de palco, com Chico e Harpo a
defrontarem um vendedor de limonadas, um igualmente brilhante Edgar Kennedy),
passando pela improvisação e a loucura mais destemperada.
Por vezes, o humor resulta
perfeitamente arbitrário. No meio de uma cerimónia protocolar, Groucho aparece
com um baralho de carta e pede para tirar uma carta. A solicita Mrs. Teasdale
tira-a e pergunta: “Que faço eu com a carta?”. Guarde-a. Ainda fico com 51.” E
passa adiante.
Outras vezes, o
humor joga com o duplo significado das palavras:
Rufus T. Firefly:
Agora que é Ministro da Guerra, que tipo de exército está a pensar ter?
Chicolini: Bem,
eu digo-lhe o que penso, eu penso que devíamos ter um exército “standing” (que
quer dizer simultaneamente “reputado” e “de pé”)
Rufus T.
Firefly: Porque deveríamos ter um exército “standing”?
Chicolini:
Porque assim pouparíamos em cadeiras.
Ou diálogos
abertamente contundentes para com a loucura e a leviandade da guerra:
Rufus T. Firefly
(virando-se para o seu Ministro da Guerra): Já reparou que o nosso exército
está a ser desastrosamente batido em toda a linha? O que pensa fazer?
Chicolini: Já o
fiz.
Rufus T.
Firefly: O que é que já fez?
Chicolini:
Mudei-me para o outro lado.
Rufus T.
Firefly: Então passou-se para o outro lado, eh? O que foi fazer para lá?
Chicolini: A
comida é melhor.
Ou:
Rufus T.
Firefly: Construir trincheiras? Com os nossos homens a cair como moscas? Não há
tempo para construir trincheiras. Compre-as já feitas. Corra e compre algumas,
desta altura (faz o gesto).
Rufus T.
Firefly: Espere um minuto. Compre-as desta altura. (faz um gesto mais baixo,
abaixo da cabeça). Assim já não precisamos de soldados.
Ou ainda:
Ambaixador
Trentino: Faço qualquer coisa para impedir esta guerra.
Rufus T.
Firefly: Tarde demais. Já paguei um mês de renda pelo campo de batalha.
Ministro das
Finanças: Aqui está o relatório do Departamento de Tesouro. Espero que o ache
claro.
Rufus T.
Firefly: Claro? Huh. Uma criança de quarto anos compreende este relatório.
(virando-se para Bob Roland) Corre e traz-me uma criança de quarto anos.
OS GRANDES ALDRABÕES
Título original: Duck
Soup
Realização: Leo McCarey (EUA, 1933); Argumento: Bert Kalmar, Harry Ruby,
Arthur Sheekman, Nat Perrin; Música: Bert Kalmar, Harry Ruby, Milton Ager (canção
"Ain't She Sweet"), Stephen Foster (canção "Oh Suzannah"),
John Leipold, Frédéric Chopin ("Polonaise in A major Op.40 No.1"),
Victor Herbert (canção "Gypsy Love canção"), John Philip Sousa
("The Stars and Stripes Forever"); Fotografia (p/b): Henry Sharp;
Montagem: LeRoy Stone; Direcção artística: Hans Dreier, Wiard Ihnen;
Departamento de arte: Harry Caplan; Som: Harry Lindgren; Coreógrafo: Arthur
Johnston; Produção: Herman J. Mankiewicz.(Paramount); Intérpretes: Groucho Marx (Rufus T. Firefly), Harpo Marx (Pinky), Chico Marx (Chicolini), Zeppo Marx (Bob Roland), Margaret
Dumont (Mrs. Gloria Teasdale), Raquel Torres (Vera Marcal), Louis Calhern
(Embaixador Trentino da Sylvania), Edmund Breese, Leonid Kinskey, Charles
Middleton, Edgar Kennedy, Wade Boteler, Sidney Bracey, E.H. Calvert, Davison
Clark, Louise Closser Hale, Carrie Daumery, Maude Turner Gordon, Verna Hillie,
Edward LeSaint, George MacQuarrie, Edwin Maxwell, Eric Mayne, Dennis O'Keefe,
Frederick Sullivan, Dale Van Sickel, William Worthington, etc. Duração: 68 minutos; Distribuição
em Portugal (DVD): Universal; Classificação etária: M/ 6 anos; Data de estreia
em Portugal: 27 de Julho de 1951.
OS MARX BROTHERS
Seis foram os
irmãos Marx, mas apenas cinco sobreviveram à infância. Um deles, Manfred,
nasceu em 1885, mas morreu pouco depois (1988? , de tuberculose?). Teria sido o
mais velho da troupe, se tivesse sobrevivido. Os outros seguiram-se a um bom
ritmo de parto: Chico (Leonard, 21 de Março de 1887-11 de Outubro de 1961,
vítima de arteriosclerose), Harpo (primeiramente Adolph, depois mudou o nome
para Arthur, 23 de Novembro de 1888 -28 de Setembro de 1964, após operação ao
coração), Groucho (Julius Henry, 2 de Outubro de 1890 -19 de Agosto de 1977),
Gummo (23 de Outubro de 1892-21 de Abril de 1977), e Zeppo, (Herbert, 25 de
Fevereiro de 1901-30 de Novembro de 1979, de cancro). Como se viu, nenhum deles
ficou conhecido pelo nome de baptismo, e todos nasceram em Nova Iorque, filhos
de um casal de judeus, emigrantes. A mãe, alemã, chamava-se Minnie Schoenberg,
nascera em Dornum (9 de Novembro de 1864), e o pai, francês alsaciano, Samuel
"Frenchie" Marx (nascera em 1861, e o seu verdadeiro nome era todavia
Simon Marrix). A família era dada às artes do espectáculo, a mãe fora actriz
antes de viajar para os EUA, mas a carreira ficou truncada, de início, pelo
idioma inglês que desconhecia. De qualquer maneira não deixou de incentivar os
filhos no caminho do teatro, da música e sobretudo do “vaudeville.” Todos
tinham talentos próprios que desenvolveram desde miúdos, Harpo especializara-se
na harpa, mas podia tocar quase qualquer instrumento, Chico foi um excelente
pianista, Groucho tocava violão. Por aí começaram, quando o tio, Al Shean, que
já actuava profissionalmente, fazendo parte da dupla “Gallagher and Shean”, os
incitou a entrarem para o “vaudeville”.
Em 1905, Groucho
estreia-se como cantor. Antes já fizera aparições em jardins de cerveja, mas é
de 25 de Dezembro de 1905 a primeira referência pública ao seu humor e voz.
Apareceu no “The Dallas Morning News” e referia-se a um Master Marx. O Master
Marx que contracenava com Lily Sevelle em “Lile Seville and the Master Marx.”.
Em 1907, Groucho, Gummo e Mabel O'Donnell cantavam juntos e eram conhecidos
como o trio “The Three Nightingales” (Os Três Rouxinóis). No ano seguinte,
Harpo juntou-se. O grupo não parava de crescer. Em 1910, Minnie, que,
entretanto, já dominava suficientemente o inglês, entrou para o grupo,
acompanhada da tia Hannah Schickler. Passaram a ser os “The Six Mascots” que pensaram
que nem só de música e de belas vozes vive o show bussiness e resolveram
investir no humor. A partir daí o humor iria ter um papel cada vez mais
importante nos seus shows.
O lado “rouxinol”
ia mantendo-se, mas cada vez havia mais situações de comédia até se inverter a
questão: agora já eram episódios de humor cada vez mais sequenciais,
interrompidos por uma ou outra canção. A 22 de Março de 1917, Chico casa com
Betty Carp e no ano seguinte, 1918, ainda durante a I Guerra Mundial, Gummo
alista-se e parte para a Europa com a justificação de que "Qualquer coisa
é melhor que ser actor!". Zeppo foi então substitui-lo nos últimos anos da
sua carreira teatral, ainda brilhou na Broadway e depois nos primeiros filmes
dos Marx, na Paramount. 1918 é ano de
“The Cinderella Girl”, um musical escrito por Jo Swerling com música de Gus
Kahn.
É por essa altura
que aparecem “The Four Marx Brothers”, iniciando-se a definição de personagens
e exercitando as situações que se irão tornar a marca do grupo: Groucho começa
a usar um intenso bigode pintado; Harpo deixa de falar e utiliza buzinas de
bicicleta para se comunicar e Chico ensaia um inglês italianizado que vai
buscar aos seus vizinhos e bairro, todos eles ítalo-americanos. Em Janeiro de
1918, nasce Maxine, filha de Chico e Betty, e a 4 de Fevereiro de 1920 é a vez
de Groucho casar com Ruth Johnstone. Sucede-se a ascensão no vaudeville: em
1921, “On the Mezzanine Floor” (que em Inglaterra, durante uma tournée se
chamou “On the Balcony”) foi o musical seguinte, escrito por Herman Timberg,
com produção de Benny Leonard. Foi em 1921 que os Marx se ligam ao cinema, com
a realização de um filme mudo, de que não existe cópia, nem se sabe se chegou a
ser terminado. Chamava-se “Humor Risk”, foi rodado com dinheiro emprestado por
amigos, o realizador teria sido Dick Smith, o
argumento era de Jo Swerling e foi filmado em duas semanas, em Fort Lee, NJ., e
num estúdio situado entre a 49th St. e a 10th Ave. em Nova Iorque. Tudo
hipóteses. Arthur, filho de Groucho e de Ruth, nasce a 21 de Julho de 1921 e a
19 de Maio de 1924 estreia-se no Casinos Theatre a nova produção teatral “I'll
Say She Is”, com argumento de Will B. Johnstone.
Nos anos 20, os
Irmãos Marx criam uma auréola impar no campo do teatro de revista, tornando se
num dos grupos teatrais favoritos de Nova Iorque e de todos os EUA (muitas
foram as tournées). Com um aguçado sentido de humor, e uma critica violenta que
satirizava sem piedade instituições como a alta sociedade e a hipocrisia
humana, o grupo funcionava sob a direcção administrativa de Chico e a direcção
artística de Groucho, que lentamente se assumia como o cérebro do conjunto.
O primeiro filme
hoje conhecido onde aparece um dos Irmãos Marx é de 1925, chama-se “Too Many
Kisses”, e Harpo surge num pequeno papel secundário. Curiosamente. Harpo que
nunca falou nos filmes sonoros, teve a sua única “deixa” no cinema, num filme
mudo, precisamente este. Mas a época de ouro dos Marx ia começar. O vaudeville
iria conhecer dois êxitos enormes: em 8 Dezembro de 1925, estreava-se “The
Cocoanuts” no Lyric Theatre de Nova Iorque, onde iria permanecer durante 275
representações, uma temporada completa, a que se seguiriam dois anos a
percorrer os palcos das outras grandes cidades norte-americanas. Quanto ao
cinema, a verdadeira aventura dos Marx vai agora começar. Desde 1927 que o
cinema era sonoro e os estúdios procuravam afincadamente musicais, peças de
teatro, adaptações de obras literárias, sobretudo actores com talento natural
para representarem pela voz. A transição do mudo para o sonoro fora uma
revolução, fatal para muitos galãs de voz de cana rachada, mas lançaram muitos
outros que só agora tinham possibilidade de dar vazão à sua arte e capacidades.
O humor, o burlesco, que até aí vivia de situações, pode agora contar com a
palavra. Falar de humor que se expressasse pela palavra é falar dos Marx. É
assim que os Marx são convidados a trazerem para o cinema os seus espectáculos
de “vaudeville”. Os dois primeiros filmes são precisamente adaptações de “The
Cocoanuts” e de “Animal Crackers”. Entre a Paramount e a Metro Goldwing Mayer
se vai dividir o bolo dos grandes filmes dos Marx. A Paramount lança a 3 de
Agosto de 1929, “The Cocoanuts”, a 6 de Setembro de 1930, “Animal Crackers”, a
19 de Setembro de 1931, “Monkey Business”, a 31 de Agosto de 1932, “Horse
Feathers”, onde satirizavam o sistema universitário americano e que foi um dos
filmes mais popular até então, logrando mesmo uma apetecível capa na revista
Time. Finalmente a 24 de Novembro de 1933, “Duck Soup”, por muitos considerado
a obra-prima dos Marx, é uma realização de Leo McCarey. De todos os filmes dos
Marx é o único a integrar a lista do American Film Institute dos filmes do
século. Na época da estreia, o público não foi particularmente receptivo a esta
excelente sátira sobre ditadores e guerras. Depois deste filme, Zeppo abandonou
o cinema. Terminado o contrato com a Paramount, os Marx ingressam na Metro
Goldwyn Mayer, pela mão produtor Irving Thalberg. Este impôs um outro figurino
às obras dos Marx, associando um fio de comédia romântica ao desfilar dos gags,
a que se misturavam alguns números musicais. Sucede-se assim outro ciclo de
grandes comédias: a 15 de Novembro de 1935, estreia-se o mítico “A Night at the
Opera”, e a 11 de Junho de 1937, outra lenda, “A Day at the Races”. Pelo meio,
a 7 de Dezembro de 1935, “La Fiesta de Santa Barbara”, onde Harpo, no México,
podia ser visto em Technicolor, a 24 de Julho de 1936, “Yours For the Asking”,
apenas com Groucho, em 1937, “The King and the Chorus Girl”, escrito por
Groucho de colaboração com Norman Krasna. Entretanto, a 28 de Setembro de 1936,
Harpo casa-se com Susan Fleming. Ambos, dois anos depois, adoptam William
(Billy/Bill) Woollcott. Na MGM ocorrem grandes mudanças: em 1936, Irving
Thalberg morre, e sem ele, os Marx não são compreendidos e sustentados da mesma
forma. Partem para a RKO, Rádio Pictures, onde rodam uma nova comédia, “Room
Service”, estreada a 30 de Setembro de 1938. Voltam à MGM onde assinam três
outros títulos: “At the Circus” (20 de Outubro de 1939), “Go West” (6 de
Dezembro de 1940) e “The Big Store” (20 de Junho de 1941). Para enfrentar o
problema das dívidas de jogo de Chico, os Irmãos Marx fizeram outros dois
filmes, “A Night in Casablanca” (10 de Maio de 1946) e “Love Happy” (3 de Março
de 1950), ambos produzidos pela United Artists. Trabalharam juntos ainda, mas
não em conjunto, num filme considerado muito inferior aos restantes, “The Story
of Mankind” (8 de Novembro de 1957).
Desde 1938 que a
actividade dos Marx se tinha intensificado também na rádio. Os tempos áureos
dos Irmãos Marx no cinema e teatro começam naturalmente a passar. A 27 de
Setembro de 1948, a peça “Time for Elizabeth”, escrita por Groucho e Norman
Krasna estreia-se na Broadway, mas aguenta apenas 8 representações. A televisão
é o meio que vai acolher por excelência participações dos vários irmãos. São
inúmeras as participações de cada um deles em programas e séries. Groucho é, obviamente, o mais requisitado. A
celebridade dos Marxs não se esfuma. Até hoje.
FILMOGRAFIA DOS
IRMÃOS MARX (EM CONJUNTO):
1926: Humor Risk, de Dick Smith; 1929: The Cocoanuts (Malucos à Solta), de Robert Florey, Joseph
Santley; 1930: Animal Crackers (Os Galhofeiros), de Victor
Heerman; 1931: Monkey Business (Agulha em Palheiro ou Uma
Aventura dos Marx (Rtp) Ou A Culpa Foi do Macaco), de Norman Z. McLeod; 1932:
Horse Feathers (Os Irmãos Marx na Universidade), de Norman Z.
McLeod; 1933: Duck Soup (Os Grandes Aldrabões), de Leo
McCarey;1935: A Night at the Opera (Uma Noite na Ópera), de Sam Wood e Edmund Goulding (não creditado); 1937: A Day at the Races (Um Dia nas Corridas), de Sam
Wood; 1938: Room Service (Um Criado ao Seu Dispôr ou Hotel dos Sarilhos), de William
A. Seiter; 1939: At the Circus (Um Dia no Circo), de Edward Buzzell; 1940:Go West ou Marx Brothers Go West (Os Irmãos
Marx no Far West), de Edward Buzzell; 1941: The Big Store (Casa de
Doidos), de Charles Reisner; 1946:
A Night in Casablanca (Uma Noite em Casablanca), de Archie Mayo; 1949: Love Happy ou Blonde Heaven ou
Blondes Up ou Hearts and Diamonds ou
Kleptomaniacs (Doidos por Mulheres), de David Miller, Leo McCarey (não
creditado; 1957: The Story of Mankind (A História da Humanidade), de Irwin Allen.
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